Andrei, eu e Evgeny |
Era 30 de setembro de 2013. Meu aniversário de trinta anos no dia 30, evento único na vida! É claro que só posso culpar a mim pelo fato de estar sozinho em um país estranho neste dia, mas tendo chegado à Ucrânia naquele mesmo dia e já tendo conversado com minha noiva e meus pais por telefone, caía a noite e eu começava a me sentir sozinho.
Lviv é uma cidade muito bonita e interessante, mas ao contrário do que muitos me disseram, identifiquei pouquíssimos turistas. Por um lado é bom, porque eu mesmo não me sinto como apenas mais um turista no meio da multidão, como foi o caso em Dubrovnik. Por outro lado fica difícil de encontrar gente para conversar, porque pelo menos os turistas falam em inglês, e às vezes eu até poderia ter a sorte de encontrar um brasileiro. Mas acho que eu sentia dificuldade de encontrar turistas porque a maioria deles era da própria Ucrânia ou da Russia, então para mim todos pareciam locais.
Depois de tomar um chocolate quente e enrolar um pouco no ambiente agradável de uma pequena cafeteria, saí para enfrentar o frio a caminho do meu albergue. Em uma praça no meio do caminho alguém havia colocado um piano à disposição de quem quisesse tocar e eu quis passar por lá só para ver se tinha alguém tocando. Quando cheguei havia um homem arrebentando. Tudo o que eu perguntasse de Chopin ele sabia tocar. Fiquei lá ouvindo e conversando com ele. Por sorte este era um ucraniano que falava em inglês! Enquanto ele tocava, apareceu um outro homem, que ficou ouvindo. Pouco tempo depois, a pequena audiência que estava em volta foi dispersando e restávamos só nós três lá. O terceiro homem sumiu e voltou com um copo de chá para o pianista, e ficamos conversando por alguns minutos. Este homem então falou que ele morava logo ali, e perguntou se não queríamos subir para tomar um chá ou alguma coisa.
Olhei para o pianista, ele olhou para mim, então respondemos que sim. Chegou a passar pela minha cabeça a idéia de que este homem poderia ser um assassino psicopata na caça de vítimas.
Mas não era nada disso! Fomos até o apartamento dele, onde tomamos whisky e comemos queijo, pão e salame. Este homem chamava-se Andrei, era dentista, e pelo que entendi havia recém passado por um divórcio, então estava se sentindo bastante sozinho. O Andrei não falava quase nada de inglês, então eu tentava falar em russo com ele e o Evgeni, o pianista, me ajudava a traduzir. Evgeni era pintor, e tocar piano era seu hobby. Passamos um momento muito agradável, e eu estava muito feliz por não estar sozinho em meu aniversário. Quando comentei aos dois sobre a data, eles brindaram comigo e cantaram a versão ucraniana de "parabéns para você".
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